Li esse texto há um tempinho e achei bem pertinente divulgá-lo aqui no Doce Encanto. É meio grandinho mas vale a pena ;)
Livro nacional? Não quero!
Por que leitores brasileiros ainda preferem livros estrangeiros?
Por que leitores brasileiros ainda preferem livros estrangeiros?
"Semana passada, fui abordado em uma livraria do centro
do Rio por uma moça que queria ajuda na escolha de um livro de suspense ou de aventura.
Entre os lançamentos, recomendei A noite
maldita (ed. Novo Século), do André Vianco, e Fios de prata (selo Fantasy), do Raphael Draccon. A moça estava
bastante entusiasmada com as indicações até ler a biografia dos autores. Sua
expressão mudou subitamente e ela largou os livros com um vigoroso “ai, autor
brasileiro não, né?”. Perguntei qual era o problema e ela se defendeu, dizendo
que o livro não era para ela e que “dar de presente livro nacional pega mal,
né?”. Sem muita paciência, me afastei, mas fiquei observando quando ela pescou
um Harlan Coben na prateleira e enfiou-se na fila para pagar.
Dois dias depois, participei de uma
mesa de debates com autores de literatura nacional no monumento Estácio de Sá.
O evento estava cheio e o entusiasmo dos leitores em ter contato direto com autores
era evidente. Diante de episódios tão díspares, foi inevitável a pergunta: por que brasileiro não lê brasileiros? Especifico:
por que brasileiro não lê brasileiros contemporâneos?
Quero falar daquelas obras de gênero (policial,
fantasia,chicklit, terror) que disputam com os bestsellers e, vez ou outra, conseguem seu espaço no mercado
editorial. André Vianco, por exemplo, chegou na marca de um milhão de
exemplares com suas histórias de vampiro – tema bastante explorado em obras
estrangeiras também.Há romances nacionais para os mais variados gostos, sempre
trazendo características e paisagens tipicamente brasileiras, o que torna a identificação
com a história muito mais eficaz. Por que, então, os livros estrangeiros ainda
têm preferência?
Escritores
A internet deu voz a diversos potenciais contadores de
histórias. A facilidade no contato com os leitores e editoras; a praticidade e
a eficácia da divulgação, além de outros recursos que o mundo virtual
disponibiliza são os motivos que tornaram mais fácil o surgimento de novos
autores – em sua maioria jovens – no mercado editorial.
Ao passo que o número de escritores cresceu, a
publicação também sofreu mudanças. Sua forma tradicional deixou de ser o único
meio pelo qual um livro é editado e posto à venda. Abriu-se um leque de
alternativas que vão desde a publicação independente até a premiação em
concursos literários.Isso é ótimo, pois aumentou a variedade de temas e deu
maior destaque à produção nacional. Ao fazer sucesso, um escritor ajuda não só
a si, como a todos que produzem aquele tipo de literatura no país.
Por outro lado, com o crescimento da quantidade de
textos publicados, a qualidade diminuiu. Buscando realizar o sonho de ter seu
livro à venda, muitos escritores não tomam os cuidados devidos na hora de
lançar sua obra no mercado: falta paciência, profissionalismo e
comprometimento. Daí, alguns romances chegam às prateleiras mal revisados e mal
editados, o que degrine a imagem da literatura nacional de gênero – que ainda
se encontra em delicada construção.
Editoras
Muitas vezes apontada como a vilã da história, a
editora precisa ser defendida antes de julgada. A maioria das editoras recebe
dezenas de originais por semana, o que torna impossível a cuidadosa avaliação
de todos eles. Assim, destacam-se na pilha aqueles que prendem logo nas
primeiras páginas e que trazem uma proposta bem feita;sem erros graves de
Língua Portuguesa, por exemplo.
Uma vez editado, o romance brasileiro entra em uma
verdadeira selva, disputando atenção e espaço com bestsellers estrangeiros que já chegam ao país fazendo sucesso.
Como todo negócio, as editoras precisam sobreviver financeiramente. Por isso,
costumam investir pesado na produção, na distribuição e na divulgação dessas
obras internacionais. São títulos que já deram um retorno positivo em outros
países e, provavelmente, trarão bons números por aqui também. O sucesso é
apenas consequência. Vencer esta barreira de marketing para chegar ao leitor
brasileiro é um grande desafio ao escritor nacional.
Blogueiros
Os blogs literários são meio essencial para a
divulgação de um livro. Essas plataformas apresentam lançamentos e resenhas que
geram uma repercussão inimaginável junto aos leitores. Quando uma rede de blogs
elogia um romance, a propaganda é rapidamente difundida na rede. Além disso, a
internet facilita o contato direto entre escritores – principalmente nacionais
de gênero – e blogueiros. Há vantagens para os dois lados: para o escritor, que
acompanha de perto o retorno sobre sua obra; para o blogueiro, que pode trocar
ideias e fazer entrevistas.
Infelizmente, alguns blogs acabam se comercializando e
esquecem que seu principal papel é difundir o gosto pela leitura. Muitos se
deixam levar pelo sistema de parcerias (ganham livros de autores e/ou editoras
para sortear) e acabam baixando a qualidade ou simplesmente deixando de comprar
obras – uma vez que recebem quase todas de graça. A mim, isso parece uma
inversão de papeis.
Recentemente, um episódio me deixou bastante alegre. Um
leitor blogueiro ficou tão empolgado após finalizar meu romance Suicidas que comprou outro exemplar do
livro para sortear e fez uma resenha em sua página “Ler por leh”. Como era uma
ótima iniciativa, fiz questão de divulgar a página dele nas minhas plataformas,
de modo que a repercussão do sorteio foi enorme e os dois lados saíram ganhando.
Isso só prova que a relação de parceria entre blogueiros e autores pode (e
deve) ir além do envio gratuito de um exemplar.
Leitores
Leitores também são uma importante plataforma de
divulgação. Como os títulos brasileiros não costumam receber maior atenção da
imprensa, o “boca-a-boca” acaba sendo responsável pela quebra do preconceito
que muitos leitores têm com obras nacionais. Além disso, o leitor é a força
maior que leva um escritor a se dedicar ao seu romance. Sem leitores não há
escritores. É essencial que todos juntos – leitores, blogueiros, escritores e
editoras – dediquem-se a criar uma literatura brasileira cada vez mais
especializada e bem difundida entre nós." Fonte.
E você, leitor, lê brasileiros contemporâneos? Se não, está perdendo muito, viu? Tem muita gente pra lá de talentosa por aqui! :)
Se você não sabe por qual começar, aqui no Doce Encanto sempre tem indicações de ótimos nacionais, como nesse post aqui no qual indiquei 05 que estão entre os meus livros preferidos.
Boas leituras nacionais ;) Beijão :*

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